Cartões internacionais para viagem: entenda as diferenças entre Wise, Nomad e C6

Planejar uma viagem internacional vai muito além de roteiros e passagens. A forma como você vai gerenciar seu dinheiro no exterior pode definir a tranquilidade e o custo da sua aventura. Se antes os viajantes brasileiros eram reféns do dinheiro em espécie ou dos cartões de crédito com altas taxas, como o IOF de 4,38%, a chegada das contas digitais globais revolucionou o cenário.

Wise, Nomad e C6 Bank são os nomes mais populares nesse novo mercado, mas eles operam sob modelos fundamentalmente distintos. Entender como cada um converte seu dinheiro na hora de uma compra ou saque é o segredo para economizar de verdade e evitar surpresas.

Este guia prático, que montamos baseado em uma análise detalhada, vai destrinchar o mecanismo por trás de cada cartão para que você escolha a opção mais alinhada ao seu perfil de viajante.

Wise: a conta multimoeda e a conversão inteligente

A Wise opera com um modelo genuinamente multimoeda, permitindo que você mantenha saldos em mais de 40 moedas diferentes dentro de uma única conta.

  • Como funciona na prática? A grande vantagem é a “Conversão Inteligente” (Smart Conversion). Se você fizer uma compra em uma moeda não disponibilizada pela plataforma para compra direta, o sistema da Wise automaticamente busca, entre todos os seus saldos de moeda estrangeira disponíveis, qual deles oferece a menor taxa de conversão naquele momento e realiza a operação. A taxa de câmbio usada é a comercial (sem spread oculto), com a cobrança de uma pequena e transparente taxa de conversão.
  • Ideal para: Viajantes com roteiros que passam por múltiplos países com moedas diferentes, como um mochilão pela Ásia ou Leste Europeu. A flexibilidade para gerenciar várias moedas e a otimização automática dos custos são ideais para cenários com moedas exóticas.
  • Exemplo prático: Ao pagar uma conta em Pesos Argentinos, a Wise verifica os seus saldos de moedas estrangeiras disponíveis, para converter e cobrir a despesa, escolhendo a opção com a menor cotação, tudo em tempo real.

O cartão Wise é aceito em mais de 150 países, mas é importante verificar a lista de restrições que inclui nações como Rússia, Irã e Cuba.

Nomad: a conta em dólar e a conversão via bandeira

A Nomad oferece uma conta corrente sediada nos Estados Unidos, exclusivamente em Dólar Americano (USD). Todos os seus fundos são protegidos pelo FDIC, o fundo garantidor de depósitos do governo americano, até o limite de US$ 250.000.

  • Como funciona na prática? A principal conversão acontece quando você carrega a conta, transformando Reais em Dólares com a aplicação de uma taxa de serviço (spread) que varia de 1% a 2%. Para compras e saques em qualquer moeda que não seja dólar (como Euro ou Libra), a conversão é feita diretamente pela bandeira do cartão, a Visa, usando a taxa de câmbio dela no momento da transação. A Nomad afirma não cobrar nenhuma taxa adicional nesse momento.
  • Ideal para: Viajantes com foco nos Estados Unidos ou para quem prefere a simplicidade de gerenciar um único saldo em moeda forte. Você se preocupa com o câmbio apenas uma vez, ao carregar a conta19.
  • Exemplo prático: Ao fazer uma compra de £100 em Londres, a rede Visa converte o valor para Dólar usando sua própria cotação (ex: 1 GBP = 1,25 USD) e debita o valor final (ex: $125 USD) do seu saldo Nomad. A taxa de câmbio final é determinada exclusivamente pela Visa.

O cartão Nomad, da bandeira Visa, tem ampla aceitação em mais de 180 países.

C6 Bank: o modelo híbrido com spread adicional

O C6 Bank oferece a Conta Global como um produto integrado à sua conta nacional, disponível em Dólar ou Euro em contas separadas.

  • Como funciona na prática? Similar à Nomad, a conversão principal ocorre ao transferir Reais para sua Conta Global Dólar ou Euro. Quando você faz uma compra em uma moeda diferente da que possui em saldo, a conversão é feita pela bandeira Mastercard, mas com uma diferença crucial: o C6 Bank aplica um spread adicional de 2% sobre o valor já convertido pela bandeira.
  • Ideal para: Clientes que já utilizam o C6 Bank e valorizam a conveniência de ter os serviços em uma única plataforma. É uma solução excelente para viagens à Zona do Euro ou aos EUA, onde não há essa conversão extra no ponto de venda.
  • Exemplo prático: Na mesma compra de £100 em Londres, a Mastercard converteria o valor para Dólar (ex: $125 USD). Em seguida, o C6 aplicaria seu spread de 2% sobre esse montante ($125 * 2% = $2,50), resultando em um débito final de $127,50 USD na sua conta.

O cartão C6, da bandeira Mastercard, é aceito em mais de 190 países e tem como vantagem os saques gratuitos na rede Chase nos Estados Unidos.

Tabela comparativa entre cada conta

Para facilitar sua decisão, veja a tabela abaixo que resume o funcionamento de cada conta:

Característica Operacional Wise Nomad C6 Bank (Conta Global)
Modelo da Conta Multimoeda (mais de 40 moedas)

 

Moeda Única (Apenas Dólar Americano – USD)

 

“Moeda Única (Dólar ou Euro, em contas separadas)”

 

Bandeira do Cartão Varia (geralmente Visa ou Mastercard)

 

Visa

 

Mastercard

 

Mecanismo de Conversão Interno (Smart Conversion): Sistema próprio converte do saldo com a menor taxa de conversão.

 

Externo (Rede Visa): A conversão é feita pela rede Visa no momento da compra.

 

Externo (Rede Mastercard + Spread): A conversão é feita pela rede Mastercard + um spread adicional.

 

Taxa de Câmbio Base Comercial (Mid-market rate)

 

Taxa de câmbio da Visa

 

Taxa de câmbio da Mastercard

 

Custo na Compra (em moeda que você não tem) Pequena taxa de conversão variável da Wise (ex: ~0,58%)

 

Custo embutido na taxa de câmbio da Visa. Sem spread adicional da Nomad.

 

Custo embutido na taxa da Mastercard + Spread adicional explícito (ex: 2%).

 

A regra de ouro: sempre que possível pague na moeda local!

Independentemente do cartão que você escolher, siga esta dica universal para evitar custos desnecessários: sempre recuse a conversão oferecida pela maquininha de cartão ou caixa eletrônico. Esse serviço, conhecido como Conversão Dinâmica de Moeda (DCC), quase sempre utiliza uma taxa de câmbio extremamente desfavorável. Escolha ser cobrado na moeda local do país (Euros na Europa, Ienes no Japão, etc.) para garantir que a conversão seja processada pelo mecanismo mais vantajoso do seu provedor.

Fontes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima